quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A Igreja como comunhão



Criado o ser humano á própria imagem e semelhança, Deus o criou para a comunhão. O Deus criador que se revelou como Amor, Trindade, comunhão, chamou o homem a entrar em intimidade relação com ele e á comunhão interpessoal, isto é, á fraternidade universal.

Essa é a mais alta vocação do homem: entrar em comunhão com Deus e com os outros homens seus irmãos.

Esses desígnios de Deus foi comprometido pelo pecado que quebrou todo tipo de relação: entre o gênero humano e Deus, entre o homem e a mulher, entre irmão e irmã, entre os povos, entre a humanidade e a criação.

Em seu grande amor, o Pai mandou seu filho para que, novo Adão, reconstruísse e levasse toda criação á plena unidade. Ele, vindo entre nós, Constituiu o início do novo povo de Deus, chamando, ao redor de si, apóstolos e discípulos, homens e mulheres, parábola viva da família humana reunida em unidade. A eles anunciou a fraternidade universal no Pai que nos fez seus familiares, filhos seus e irmãos entre nós. Assim ensinou a igualdade na fraternidade e a reconciliação no perdão. Inverteu as relações de poder e de domínio, dando ele mesmo o exemplo de como servir e escolher o último lugar. Durante a última ceia, confiou-lhes o mandamento novo do amor mútuo: "Eu vos dou um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; como eu vos tenho amado,assim amai-vos também vós uns aos outros" (Jo 13,34; cf. 15,12); instituiu a Eucaristia que, fazendo-nos comungar no único pão e no único cálice, alimenta o amor mútuo. Dirigiu-se então ao Pai pedindo, como síntese de seus desejos, a unidade de todos conforme o modelo da unidade trinitária: "Meu Pai, que eles estejam em nós, assim  como tu estás em mim e eu em ti; que eles sejam um!" (Jo 17,21).

Entregando-se, depois, á vontade do Pai, no mistério pascal, realizou a unidade que ensinara os discípulos a viver e que pediu ao Pai. Com sua morte de cruz, destruiu o muro de separação entre os povos, reconciliando todos na unidade (cf. Ef 2,14-16), ensinando-nos assim que a comunhão e a unidade são o fruto da participação em seu mistério de morte.

A vinda do Espírito Santo, primeiro do aos que têm fé, realizou a unidade querida por Cristo. Efundido sobre os discípulos reunidos no cenáculo com Maria, deu visibilidade á Igreja, que, desde o primeiro momento, se caracteriza como fraternidade e comunhão, na unidade de um só coração e de uma só alma (cf. At 4,32).

Essa comunhão é vínculo da caridade que une entre si todos os membros do mesmo Corpo de Cristo, e o Corpo com sua Cabeça. A mesma presença vivificante do Espírito constrói em Cristo a coesão orgânica: ele a coordena e dirige com diversos dons hierárquicos e carismáticos que se complementam entre si; ele a embeleza com seus frutos.

Em sua peregrinação por este mundo, a Igreja, una e santa, caracterizou-se constantemente por uma tensão, muitas vezes sofridas, rumo á unidade efetiva. Ao longo de seu caminho histórico, tomou sempre maior consciência de ser povo e família de Deus, Corpo de Cristo, Templo do Espírito, Sacramento da íntima união do gênero humano, comunhão, ícone da Trindade. O Concílio Vaticano II ressaltou, como talvez nunca antes, a dimensão mistérica e comunional da Igreja.


Vida fraterna em comunidade
"Congregavit nos in unum Cristi amor"






















terça-feira, 12 de setembro de 2017

O Batismo



O Batismo é o sacramento comum a todos os cristãos. A igreja administra-o segundo a missão que o Senhor lhe confiou: "Ide...fazei discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". (Mt 28,19). Os ministros ordinários do Batismo são o bispo, o sacerdote ou o diácono. Em caso de necessidade grave, qualquer pessoa - mesma não estando batizada - pode administrá-lo, desde que queira fazer o que faz a Igreja (cf. CIC 1256).

O Batismo vale uma vez por todas. Não se pode revogá-lo nem reiterá-lo porque imprime no cristão um selo espiritual definitivo da sua pertença a Cristo. A este selo indelével, dá-se o nome de "caráter batismal", que nenhum pecado pode apagar, mesmo que o pecado impeça o Batismo de produzir seus frutos de salvação (cf. CIC 1272).

O Batismo institui uma relação pessoal com cada uma das Pessoas da Santíssima Trindade: o Espírito Santo derrama em nós a graça santificante que nos torna "participantes da natureza divina" (2 Pd 1,4). Isso significa que somos filhos adotivos de Deus em Jesus Cristo, que é Filho Único do Pai. A graça santificante encerra as virtudes teologais de fé, esperança e caridade, em virtude das quais podemos conhecer Deus como ele se conhece, amá-lo como Ele se ama, e esperar viver para sempre em comunhão com Ele, conforme o seu desejo. A graça comporta também os dons do Espírito Santo, que pode levar-nos a viver e a agir sob a sua moção (CIC 1266). O Batismo faz-nos também participantes do sacerdócio de Cristo, da sua missão de sacerdote, profeta e rei, isto é permitir-nos oferecer-nos com Ele ao Pai, testemunhar o Evangelho e consagrar o mundo a Deus: é o sacerdócio comum dos fiéis.

O Batismo apaga o pecado original, opera o perdão dos pecados, torna-nos filhos de Deus, irmãos e irmãs de Jesus Cristo, membros da Igreja. Somos irmãos e irmãs uns dos outros e podemos dizer de verdade: "Pai nosso que estais no céu".

O Batismo é um começo, primícia de Deus que é preciso fazer frutificar ao longo de toda a vida. Se somos fiéis a Cristo na fé, na esperança e na caridade, então, a graça recebida no Batismo atua em nós e cresce. O Batismo encontra, portanto, a sua plena realização na santidade a que todos somos chamados e que se realiza progressivamente graças ao crescimento da vida de Deus em nós.

"No Batismo, fostes sepultados com Ele, com Ele também fostes ressuscitados, porque cresce na força de Deus, que O ressuscitou de entre os mortos".

Carta aos Colossenses 2,12